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LIVE ACTION DE MULAN NÃO TERÁ MÚSICAS NEM MUSHU




MULAN E A MÚSICA

Parece que o live action de Mulan está mesmo destinado às polêmicas. Há um tempo, um pouco depois do lançamento do trailer, tivemos as declarações Liu Yifei (atriz de Mulan) apoiando a ação dos policiais de Hong Kong contra os manifestantes, o que chegou a render uma onda de ameaças de boicote ao filme.

Agora, a polêmica é outra e, ainda que menos grave, tem maior relação com a obra em si. Ela partiu da diretora Niki Caro, que deixou claro que o live action não contará com as icônicas músicas da animação. O que poderia incomodar alguns fãs por si só, ganhou teores ainda mais questionáveis por causa da sua justificativa. Segundo ela:

“Ninguém canta na guerra”.


Será mesmo, Niki Caro?
Essa justificativa foi dada por conta de sua visão artística para a obra, que objetiva alcançar um aspecto mais realista. É importante que se diga: um filme é, em grande parte, a perspectiva do seu diretor, e é realmente necessário que ele tenha clareza quanto ao que espera da história, para que haja uma coerência na produção. Portanto, gostando ou não, não se pode afirmar que a escolha realista de Niki Caro seja equivocada.
O que se pode apontar como equivocado, de fato, é a sua justificativa, a qual aponta para dois fatores preocupantes: 1) ela não entende de música, e 2) provavelmente não entende de guerra. E digo que é preocupante porque, afinal, a guerra é um tema central em Mulan. E, sim, a música faz parte dela, da guerra em geral, ao longo de toda a história!
Dentro da cultura atual, oferece-se um espaço bem delimitado à música. Para a maioria, ela não passa de um entretenimento, uma coisa legal para se curtir no seu quarto ou para dançar na balada. Se muito, alguns ainda podem entender a música como uma ferramenta de protesto e crítica social. Tudo isso está certo, claro, são papéis que atribuímos a essa arte. Mas eles, de modo algum, resumem a música e o que ela significou e significa ainda para diversos povos e culturas ao redor do mundo.
A música como um instrumento de batalha sempre esteve presente ao longo do tempo. Tambores, cantos, trombetas, o que fosse. Eram maneiras de incentivar os guerreiros, motivá-los, dá-los um sentido de união, de coletividade, e era também uma força extra, que podia lhes conferir um vigor a mais, dando um aspecto ritualístico à guerra. Além disso, a música também podia ser usada para anunciar determinadas manobras de batalha, como, por exemplo, a chegada de reforços ou de aliados. Enfim, canções estiveram atreladas à guerra desde onde os nossos registros históricos nos permite chegar.
Dessa forma, é difícil não olhar com suspeita para o comentário de Niki Caro. Ou ela não sabe com o que está trabalhando, ou está querendo outra coisa. Mas que outra coisa?

O QUE A DIRETORA BUSCA EM MULAN

Seria compreensível que a diretora queira dar a sua cara para o filme e que, para tal, busque se emancipar da animação original. Assim, ela teria que abrir mão dos aspectos mais marcantes do original, para que pudesse colocar os seus próprios. É uma hipótese, claro, mas nada improvável. Vê-se com frequência adaptações sofrerem modificações aparentemente injustificáveis ou desnecessárias, e muito disso tende a estar relacionado com essa mesma questão: o diretor querendo fazer daquela obra a sua obra, e não apenas mais uma adaptação. Não quero dizer que isso englobe a maiorias das alterações que se encontra em obras adaptadas, é bem verdade que muitas das diferenças se justificam somente porque mídias distintas contam com recursos distintos para narrar suas histórias. Mas há de se convir, a distância entre um livro e um filme, por exemplo, é bem maior do que a distância entre uma animação e um live action... o que nos leva a crer que — num caso como o de Mulan — menos mudanças e reinvenções seriam necessárias para adequar o trabalho.
Essa hipótese, a da necessidade da diretora de fazer do live action algo mais seu, e menos uma encenação da animação — é reforçada pela remoção do personagem Mushu, uma vez que ele é o favorito de muitos, responsável pela maior parte do alívio cômico. Mushu foi “demitido” por Niki Caro em prol do seu já mencionado realismo. O que torna difícil de entender o fato de que ele foi substituído por... uma Fênix. Pois é, segundo a diretora:

“Neste filme há a representação de uma criatura, uma representação espiritual dos ancestrais, e mais particularmente, do relacionamento de Mulan com o pai. Mas uma nova versão de Mushu? Não.”

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Representação espiritual por representação espiritual, o dragão é tão digno e simbólico quanto a Fênix. A escolha continua a parecer um pequeno capricho da diretora.
De fato, é cedo para fazer de suas justificativas polêmicas uma crítica ao filme em si. Teremos de assisti-lo, pensá-lo, repensá-lo, discuti-lo, para então termos uma visão mais clara sobre o que deu certo e o que deu errado, mesmo que ambas as notícias pareçam um tanto desapontadoras para os fãs.
Seja como for, nós do Nerd & Aleatório continuamos ansiosos para o lançamento, porque, afinal, Mulan é Mulan, uma personagem icônica, incrível, e que sempre tem chances de salvar a obra.
Mas e quanto a vocês, o que acharam das declarações de Niki Caro? Elas afetaram suas expectativas para o filme de alguma maneira? Falem aí nos comentários, queremos saber! 

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