Geórgia propõe proibir pessoas transgêneras de usar banheiros públicos
O estado da Geórgia está propondo uma legislação radical para proibir todas as pessoas transexuais de usar banheiros públicos. Os legisladores republicanos na Geórgia estão trabalhando juntos no que eles estão chamando de Bill da Liberdade do Banheiro.
A lei exigiria que todas as empresas com banheiros públicos, coloquem seguranças na frente do banheiro para verificar a identidade dos usuários. Aqueles cujo sexo aparente não corresponde à sua identificação não seriam autorizados a entrar. Pessoas sem identificação que queiram usar o banheiro - seriam obrigados a passar por um exame físico antes de serem autorizados a entrar.
(Como será feito esse exame?)
O Senador do Estado da Geórgia, Ellis Dean, chamou o projeto de lei de "um passo na direção certa".
Temos que proteger nossos filhos,
disse Dean.
A Geórgia está dando um passo na direção certa, não permitindo que o crescente liberalismo neste país perverta a nossa sociedade. Algumas pessoas serão incomodadas, mas a maioria das pessoas entende que temos que tomar uma posição para proteger nossos filhos. Nós, na Geórgia não permitiremos que homens estejam no banheiro com nossas filhas. No que me diz respeito, eles podem ir fazer "suas coisas" nos arbustos. Não é realmente tão difícil de um conceito, os homens desta forma, as mulheres dessa forma, (trans) e in-betweens (quem está entre um e outro) podem usar o banheiro em casa.
O governador do estado da Geórgia (EUA), Nathan Deal, do Partido Republicano, vetou dia 28/03/2017 a polêmica lei HB 757, a qual abria a possibilidade de discriminação contra os integrantes da comunidade LGBT. Isso porque, em seu conteúdo, a legislação que visa “assegurar a liberdade religiosa” permitia, por exemplo, que cartórios não realizassem casamentos entre pessoas do mesmo sexo, caso os oficiais tivessem “crenças religiosas” contrárias, além de outras discriminações.
A Geórgia é um estado acolhedor. É cheio de pessoas amorosas, gentis e generosas. E isso é o que nós deveríamos desejar”, disse Deal em uma coletiva de imprensa, de acordo com o Huffington Post. “Eu pretendo fazer a minha parte para mantê-lo assim. Por isso, eu vetarei a lei 757.
Desde que ela foi aprovada no dia 17 de março pelas duas casas do legislativo da Geórgia, comandadas por Republicanos, partido conservador americano, grandes organizações ameaçaram boicotar o estado, como a Coca-Cola, Apple, Google e a National Football League (NFL), tendo esta última dito que não sediaria a famosa final do Super Bowl no estado, caso a legislação fosse aprovada.
Hollywood também fez uma enorme pressão para que o governador Nathan Deal vetasse a HB 757. Isso porque a Geórgia se tornou um dos destinos mais atrativos para a gravação de filmes e seriados, por conta dos incentivos fiscais e do clima local, que se assemelha tanto ao sul dos Estados Unidos, quanto o meio oeste do país. Atualmente, o estado se junta a Nova York e a Califórnia na lista de mais procurados pela indústria cinematográfica.
Um porta-voz da Disney disse que a empresa e a Marvel [subsidiária da empresa do Mickey Mouse] “são companhia inclusivas e, embora tenham tido ótimas experiências filmando na Geórgia, planejamos levar nossos negócios para outro lugar, caso qualquer legislação que permita práticas discriminatórias sejam aprovadas.” Segundo o jornal Atlanta Journal Constitution, os incentivos fiscais ajudaram a atrair mais de 120 filmes nos últimos 7 anos, criando quase 80 mil trabalhos e quase 4 bilhões de dólares em salários.
A Motion Pictures Association, entidade que defende os interesses dos grandes estúdios de Hollywood, através de seu vice-presidente, Vans Stevenson, também saiu contra a lei naquele estado, afirmando que estava “confiante” de que o governador Nathan Deal iria vetá-la.
No último final de semana, 40 grandes astros de Hollywood, como Anne Hathaway, Julianne Moore e Lee Daniels assinaram uma carta da Human Rights Campaign, prometendo parar com os trabalhos na Geórgia. A organização é a maior dos Estados Unidos na proteção dos direitos da população LGBT, e havia pressionado para que estúdios e produtoras boicotassem o estado.
Nós aplaudimos as dezenas de líderes da indústria do entretenimento que estão se manifestando hoje contra a discriminação e intolerância”, escreveu o presidente da ONG, Chad Griffin. “A indústria do entretenimento possui uma marca econômica na Geórgia, e a escolha do governador Deal não poderia ser mais clara: ele deve vetar essa legislação ultrajante antes que ela inflija um tremendo estrago ao estado.
Hoje, ao vetar a HB 757, Nathan Deal disse que a lei não era necessária, afirmando que não tinha conhecimento de algum acontecimento em que a liberdade religiosa de alguém havia sido ameaçada no estado.
As pessoas na Geórgia merecem um líder que faça julgamentos baseados em razões sólidas, as quais não devem ser inflamadas por emoção, e isso é o que eu pretendo e tenho tentado fazer. Como declarei antes, eu não acho que tenhamos que discriminar alguém para proteger a comunidade baseada na fé da Geórgia.
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